sábado, 7 de novembro de 2015



  • 1% das árvores da Amazônia captura metade do carbono da região

     
    • Bruno Kelly/Reuters
      Amazônia abriga 17% do carbono estocado pela vegetação do planeta
      Amazônia abriga 17% do carbono estocado pela vegetação do planeta

    Metade do carbono que árvores amazônicas capturam da atmosfera é aprisionada por apenas 1% das espécies da floresta, segundo um estudo científico internacional.





    Bruno Kelly/Reuters
    Amazônia abriga 17% do carbono estocado pela vegetação do planeta
    Amazônia abriga 17% do carbono estocado pela vegetação do planeta
Metade do carbono que árvores amazônicas capturam da atmosfera é aprisionada por apenas 1% das espécies da floresta, segundo um estudo científico internacional.
A Amazônia abriga cerca de 16 mil espécies de árvores, mas apenas 182 dominam o processo de captura de gases que causam o efeito estufa, de acordo com a pesquisa, publicada na revista Nature Communications.
Com 5,3 milhões de quilômetros quadrados, o ecossistema é a maior floresta tropical do mundo e essencial para o ciclo de sequestro de carbono do planeta: responde por cerca de 14% do carbono assimilado por fotossíntese e abriga 17% de todo o carbono estocado em vegetação em todo o planeta.
"Considerando que a Amazônia é tão importante para o ciclo de carbono e armazena tanto da biomassa do planeta, calcular exatamente quanto carbono é armazenado e produzido é importante para entender o que pode acontecer no futuro sob condições ambientais diferentes", disse a coautora do estudo, Sophie Fauset, da Universidade de Leeds, no Reino Unido.
O novo estudo toma como base as conclusões de uma outra pesquisa, de outubro de 2013, que encontrou 227 espécies "hiperdominantes" que respondem por metade dos 390 bilhões de árvores amazônicas.
Dentro desse universo, árvores de grande porte, que contêm mais biomassa e portanto mais carbono, são mais influentes no ciclo, diz a pesquisadora.
"E como as árvores são organismos que vivem por muito tempo, isto significa que o carbono é removido da atmosfera por décadas, se não séculos."

Mudanças

Apesar dessa dinâmica, a cientista alertou contra a tentação de estimular a multiplicação das 182 espécies identificadas de plantas, na tentativa de capturar mais carbono da atmosfera.
"Embora tenhamos um número pequeno de espécies exercendo uma influência desproporcional no ciclo de carbono, isto é apenas o que conseguimos medir hoje", disse Fauset.
"Dada a quantidade de mudanças que estão ocorrendo nas regiões tropicais, em termos de clima e uso do solo, no futuro espécies diferentes podem se tornar mais importantes."
Em um estudo anterior, Fauset e uma equipe de cientistas perceberam que a capacidade de armazenamento de carbono de florestas no Oeste da África aumentaram apesar de uma seca de 40 anos na região.
O estudo sugeriu que o incremento da biomassa capaz de armazenar carbono nessas florestas resultou de mudanças na composição das espécies: a seca prolongada havia beneficiado espécies que conseguiam viver nessas condições.

Emissões ignoradas

Outro estudo, publicado na terça-feira, sugeriu que as emissões globais de carbono da floresta podem estar sendo subestimadas, pois os cálculos não levariam em conta árvores mortas logo após o desmatamento.
O dióxido de carbono é liberado por essa vegetação durante o processo de decomposição. O estudo foi feito em Bornéu e publicado na revista científica Environmental Research Letters.
A perda de floresta contribui por até 30% das emissões de gases que causam o efeito estufa causadas pela atividade humana, rivalizando com o setor de transporte.
No Brasil, 61% das emissões são resultantes de mudanças de uso do solo e desmatamento, segundo a ONG Institude de Pesquisa Ambiental da Amazônia.

O país está entre os cinco maiores emissores mundiais de gases de efeito estufa, de acordo com a organização.
Aproximadamente 17% da floresta - uma área equivalente ao território da França ou quase duas vezes ao do Estado do Maranhão - já foram convertidos para outras atividades de uso do solo.
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Pesquisa revela árvores mais comuns na floresta amazônica9 fotos

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Vista da floresta amazônica na Guiana Francesa revela três espécies de árvores mais dominantes da região, como a "Symphonia globulifera", a "Euterpe edulis", a palmeira que tem folhagem em formato de estrela, e a "Mauritia flexuosa", que tem folhas mais largas em forma de leque Leia mais Daniel Sabatier

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Outubro registra 50 mil focos de incêndios no país, maior número em 13 anos

Carlos Madeiro
Colaboração para o UOL, em Maceió
  • Marizilda Cruppe / Greenpeace
Outubro foi o mês com maior número de registros de focos de incêndio no país desde 2002, com 50.004 casos. Os dados são do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que apontam um número 56% maior que a média de incêndios para os meses de outubro, que é em 32 mil casos.
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As estatísticas do Inpe são feitas desde junho de 1998, e desde lá esse foi o segundo outubro com mais queimadas já registrado. Em 2002, foram 52.073 casos computados.
O ano de 2015 também tem sido marcado por uma grande quantidade de focos de incêndio no Brasil, alavancadas pelo calor e tempo seco. Tanto que o número de ocorrências registradas até a manhã de quinta-feira (5) já chegava 192.443 casos, mais que o total de 2014 (184.779 focos) e de 2013 (115.220). O mês de setembro registrou o maior índice do ano, com média de 100 focos por hora --maior média desde 2010.
No país, o Estado com maior número de focos é o Pará, com 29,6 mil casos registrados este ano. O Mato Grosso vem logo atrás com 29,4 mil focos, seguido por Maranhão (22,3 mil), Tocantins (16,3 mil) e Bahia (15,4 mil).

Amazônia lidera

O bioma mais afetado pelo fogo é a Amazônia, que registrou 45,2% de todos os incêndios do país –87 mil casos. Já o Cerrado respondeu por 39% dos focos. Mata Atlântica (7%), Caatinga (6,1%) e Pantanal (2,2%) fecham a lista dos mais afetados.
Segundo o coordenador de monitoramento por satélite das queimadas e incêndios do Inpe, Alberto Setzer, os números "falam por si mesmos". "Se está havendo mais incêndios é porque o homem está usando mais fogo na vegetação, os satélites mostram isso com clareza. E o clima seco favorece a propagação do fogo", afirmou.
Para Setzer, a tendência é que o número de focos caiam a partir de agora com a chegada do período chuvoso, especialmente no Cerrado e na Amazônia. "Isso já deve ser sentido este mês, como ocorre nesse período todos os anos. A tendencia é de queda", contou.

Reforço no combate

Segundo o chefe do Prevfogo (Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do Instituto Nacional do Meio Ambiente e Recursos Renováveis - Ibama), Gabriel Constantino Zachariaso, a quantidade de focos obrigou o órgão a contratar mais 1.413 brigadistas.
"Além disso, foi criada mais uma brigada especializada, no Tocantins. Agora são sete brigadas especializadas que podem ser prontamente acionadas e deslocadas para qualquer parte do país", disse.
Um exemplo citado por ele foi a Operação Awa, na terra indígena Araboia, no interior do Maranhão.  Cinco brigadas diferentes combateram o fogo que devastou quase metade da área. O incêndio foi controlado no final de outubro, após dois meses de destruição.  "Esses grandes incêndios causam estragos por anos na região afetada. A vegetação demora anos para se restabelecer, e os animais, por consequência, também sofrem", explicou.
Entretanto, o chefe ressalta que os ecossistemas, em especial o Cerrado, têm grande poder de estabilidade e capacidade de se recuperar de um impacto. "O tempo que ele leva para se restabelecer vai depender do tipo do solo, do relevo, da disponibilidade de nutrientes e de extensão do período chuvoso e da não ocorrência de outros incêndios em anos vindouros", disse.
Para Zachariaso, o fenômeno "El Ninho" tem parcela importante de influência no crescimento do número de queimadas. "Mas também os crimes ambientais como desmatamento. Outro agravante é o uso do fogo como ferramenta de abertura de novas áreas, limpeza de pastagens e de áreas agricultáveis", explicou.

Ibama tenta controlar incêndio histórico em terras indígenas no Maranhão22 fotos

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24.out.2015 - Um dos maiores incêndios florestais dentro de uma terra indígena já registrados no Brasil está consumindo um dos últimos remanescentes de floresta amazônica do Maranhão e ameaçando a sobrevivência de povos indígenas, incluindo grupos isolados. A Terra Indígena Arariboia, de 413 mil hectares, já teve mais de 45% de seu território dizimado pelo fogo, que chegou a ter 100 quilômetros de extensão. No local, vivem 12 mil Guajajaras e cerca de 80 índios isolados do povo Awá-Guajá. A imagem foi divulgada nesta quarta-feira (28) pelo Greenpeace Leia mais Marizilda Cruppe / Greenpeace