sábado, 7 de novembro de 2015


Outubro registra 50 mil focos de incêndios no país, maior número em 13 anos

Carlos Madeiro
Colaboração para o UOL, em Maceió
  • Marizilda Cruppe / Greenpeace
Outubro foi o mês com maior número de registros de focos de incêndio no país desde 2002, com 50.004 casos. Os dados são do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que apontam um número 56% maior que a média de incêndios para os meses de outubro, que é em 32 mil casos.
PUBLICIDADE
As estatísticas do Inpe são feitas desde junho de 1998, e desde lá esse foi o segundo outubro com mais queimadas já registrado. Em 2002, foram 52.073 casos computados.
O ano de 2015 também tem sido marcado por uma grande quantidade de focos de incêndio no Brasil, alavancadas pelo calor e tempo seco. Tanto que o número de ocorrências registradas até a manhã de quinta-feira (5) já chegava 192.443 casos, mais que o total de 2014 (184.779 focos) e de 2013 (115.220). O mês de setembro registrou o maior índice do ano, com média de 100 focos por hora --maior média desde 2010.
No país, o Estado com maior número de focos é o Pará, com 29,6 mil casos registrados este ano. O Mato Grosso vem logo atrás com 29,4 mil focos, seguido por Maranhão (22,3 mil), Tocantins (16,3 mil) e Bahia (15,4 mil).

Amazônia lidera

O bioma mais afetado pelo fogo é a Amazônia, que registrou 45,2% de todos os incêndios do país –87 mil casos. Já o Cerrado respondeu por 39% dos focos. Mata Atlântica (7%), Caatinga (6,1%) e Pantanal (2,2%) fecham a lista dos mais afetados.
Segundo o coordenador de monitoramento por satélite das queimadas e incêndios do Inpe, Alberto Setzer, os números "falam por si mesmos". "Se está havendo mais incêndios é porque o homem está usando mais fogo na vegetação, os satélites mostram isso com clareza. E o clima seco favorece a propagação do fogo", afirmou.
Para Setzer, a tendência é que o número de focos caiam a partir de agora com a chegada do período chuvoso, especialmente no Cerrado e na Amazônia. "Isso já deve ser sentido este mês, como ocorre nesse período todos os anos. A tendencia é de queda", contou.

Reforço no combate

Segundo o chefe do Prevfogo (Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do Instituto Nacional do Meio Ambiente e Recursos Renováveis - Ibama), Gabriel Constantino Zachariaso, a quantidade de focos obrigou o órgão a contratar mais 1.413 brigadistas.
"Além disso, foi criada mais uma brigada especializada, no Tocantins. Agora são sete brigadas especializadas que podem ser prontamente acionadas e deslocadas para qualquer parte do país", disse.
Um exemplo citado por ele foi a Operação Awa, na terra indígena Araboia, no interior do Maranhão.  Cinco brigadas diferentes combateram o fogo que devastou quase metade da área. O incêndio foi controlado no final de outubro, após dois meses de destruição.  "Esses grandes incêndios causam estragos por anos na região afetada. A vegetação demora anos para se restabelecer, e os animais, por consequência, também sofrem", explicou.
Entretanto, o chefe ressalta que os ecossistemas, em especial o Cerrado, têm grande poder de estabilidade e capacidade de se recuperar de um impacto. "O tempo que ele leva para se restabelecer vai depender do tipo do solo, do relevo, da disponibilidade de nutrientes e de extensão do período chuvoso e da não ocorrência de outros incêndios em anos vindouros", disse.
Para Zachariaso, o fenômeno "El Ninho" tem parcela importante de influência no crescimento do número de queimadas. "Mas também os crimes ambientais como desmatamento. Outro agravante é o uso do fogo como ferramenta de abertura de novas áreas, limpeza de pastagens e de áreas agricultáveis", explicou.

Ibama tenta controlar incêndio histórico em terras indígenas no Maranhão22 fotos

10 / 22
24.out.2015 - Um dos maiores incêndios florestais dentro de uma terra indígena já registrados no Brasil está consumindo um dos últimos remanescentes de floresta amazônica do Maranhão e ameaçando a sobrevivência de povos indígenas, incluindo grupos isolados. A Terra Indígena Arariboia, de 413 mil hectares, já teve mais de 45% de seu território dizimado pelo fogo, que chegou a ter 100 quilômetros de extensão. No local, vivem 12 mil Guajajaras e cerca de 80 índios isolados do povo Awá-Guajá. A imagem foi divulgada nesta quarta-feira (28) pelo Greenpeace Leia mais Marizilda Cruppe / Greenpeace

Nenhum comentário: